BEM-VINDO!!!

BEM-VINDO!!!

sábado, 19 de setembro de 2009

Texto de autoria de uma cursista sobre um vídeo trabalhado nas oficinas

Artigo de opinião:
(Sandra Roberta Catto Tombini)

Os limites educacionais: para onde vamos?

Qual é a capital do Brasil? Em que continente está localizado o nosso país? Quanto é oito multiplicado por quatro? E o feminino de cidadão? Nossos alunos estão saindo do ensino médio e estão sendo motivo de comédia em sites que divulgam seus insucessos escolares: o sol nos dá luz, calor e turistas; as aves têm na boca um dente que se chama bico; lenda é toda narração em prosa de um tema confuso; o Chile é um país muito magro e alto; a prosopopéia é o começo de uma epopéia... Essas são poucos de milhões de fragmentos divulgados pela banca de redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), as tão conhecidas e chamadas pérolas, que são anualmente divulgadas e somadas na/pela internet. Alunos chegam à Universidade ( e chegam, mesmo) sem saberem escrever um parágrafo que estabeleça o mínimo de sentido. Faltam-lhes informações mínimas quanto ao domínio das ciências exatas e humanas. De quem é a culpa?
A mídia divulgou, neste ano, a seguinte reportagem a partir de uma série exibida pela televisão “lições da escola”: Ministério da Educação adotou um sistema que permite ao aluno terminar os estudos aprendendo quase nada. Muitos mais não se conformam e estão fazendo de tudo para que seus filhos sejam reprovados.
É no mínimo gritante aos nossos ouvidos de professores uma informação dessas. Alunos chegam à quarta série sem saber ler ou escrever. E nós, professores, do Ensino Fundamental e Médio o que fazemos com eles?
Anualmente, encontro nos bancos escolares casos assim. . Alunos que mal apenas decodificam durante a realização da leitura. Como posso cobrar um texto que coeso e coerente? Como sou professora de língua materna e literatura, tenho de fazer um recorte e refletir sobre o que está acontecendo com o nosso ensino de língua. Há uma série de causas para que o ensino tenha tomado as proporções em que se encontra. Há aqueles que dão culpa ao governo, ao método de ensino ( como uma sala de aula quadrada) como o que vimos no programa televisivo; outros dão a culpa à família, aos professores, designando-os preguiçosos e incompetentes. Na verdade, o que existe é uma soma disso tudo, mas não podemos generalizar, achar que todos são assim. Temos de refletir sobre todo o contexto para chegarmos uma conclusão e tentarmos modificar o quadro de ignorância que hoje assola nossos estudantes.
Primeiramente, a criança precisa ser levada a querer a aprender. Os conteúdos não devem ser apenas repassados, mas trabalhados no uso e concretizados. A família também tem de fazer parte disso. Auxiliar nos temas, conferir a tarefa escolar, tomar a leitura, fazer continhas, contar histórias. A educação também é tarefa dos pais. Os alunos precisam estar comprometidos com sua educação. A realização de trabalhos deve ser tarefa diária e não trimestral ( quantas vezes temos de correr atrás de trabalhos para não zerar avaliações). Os professores precisam formar-se continuamente e aplicarem os conhecimentos adquiridos na sua prática pedagógica e fazer isso com tempo, com uma carga horária prolongada para planejamento. O aluno também tem de ser incentivado a estudar. Tanto os pais quanto os professores devem valorizar os ganhos do aluno e fazê-lo aprender com os fracassos.
Um grande “problema” também é alcançar o IDEB. Muitas secretarias querem a aprovação em massa para que o município/estado eleve seu índice e receba mais recursos. Sei que isso é excelente, pois aprovação também implica no desenvolvimento da escola que receberá mais recursos. Um país que tem um baixo índice de aprovação não recebe investimentos de multinacionais que se pautam por esses índices para se instalarem no país. Culpa dos professores?Culpa dos pais? Culpa dos governantes? Dos alunos? Do Método?
Não sei. E se alguém soubesse de fato, já teria informado. Cada um tem seu posicionamento, mas não conheço nenhuma tese que tenha mudado, efetivamente, o quadro que hoje nos encontramos. Só tenho certeza de que um índice de aprovação deve ser verdadeiro. Não podemos empurrar problemas “com a barriga”. O Joãozinho que não sabe ler no segundo ano não pode ser empurrado para o quarto somente por um índice. Os percentuais de sucesso na aprendizagem devem ser verdadeiros. Empenho dos pais, da escola, dos professores, do governo. O esforço tem de ser global. Não devem apenas as escolas serem culpadas pelos insucessos de suas crianças, de seus adolescentes. Há muitos sujeitos envolvidos nisso.
Não acredito que a reprovação vá traumatizar tanto assim. Muitas vezes ela serve para que um sistema dê-se conta de que a educação vai mal mesmo. Formações continuadas, carga horária reduzida para que o professor possa preparar com capricho a sua aula, empenho dos pais e dos alunos desde os anos iniciais ajudarão a reverter as situações calamitosas da educação.
Nunca mais esqueci da aula sobre a Revolução Francesa, dos ideais de liberdade, fraternidade e igualdade passados pela minha professora de História lá na escola pública que estudei em Chapada, RS. Certamente as ideias iluministas trouxeram muito acréscimo a minha vida. Também não esqueci de todas as vezes que, nos domingos, a minha mãe sentou comigo e com a minha prima para estudar conosco. Mas, não sei por que estudei os logarítimos, aprendi a classificar uma oração subordinada adjetiva reduzida de infinitivo. Aprendi ( e não decorei) o nome dos continentes logo no final do ensino médio, quando joguei “War” jogo de estratégia; porcentagem quando tive de calcular os juros da mensalidade atrasada da faculdade. Isso fez a diferença!

Nenhum comentário:

Postar um comentário